segunda-feira, abril 20, 2009

Exposição excessiva nas redes sociais pode atrapalhar sua carreira




Recentemente, uma notícia divulgada em grandes portais de informação e jornalismo suscitou uma polêmica: quais são os limites de exposição, e como os profissionais devem atuar nas redes sociais de forma a manterem a liberdade de ter seu espaço na web (liberdade de expressão), mas sem comprometer a sua carreira profissional?

Tudo começou porque a jovem britânica de 16 anos, Kimberely Swann foi demitida após escrever no site de relacionamentos Facebook que seu emprego era chato. A jovem trabalhou por três semanas no escritório administrativo da empresa Ivell Marketing & Logistics, na cidade de Clacton, antes de ser demitida. De acordo com a entrevista de Kimberely ao jornal Daily Mail, a garota não havia citado na rede o nome da empresa, e acreditava ser natural comentar que serviços administrativos como o dela são chatos, ainda mais nas primeiras semanas de trabalho (quando ainda está se acostumando com a função). Não deu outra. A empresa de Kimberely descobriu na rede o comentário e não tardou a demiti-la.

Mas será que essa atitude de vasculhar recados, depoimentos, comunidades e comentários na rede mundial de computadores seria correta? Existem critérios, ou até uma própria ética na rede, para que fatos como este não acontecessem mais?

Para o consultor de Recursos Humanos, Mário Clementino Soares Jr., o que aconteceu na Inglaterra é um absurdo, pois, na opinião dele, o que é importante para a empresa é saber o que o funcionário faz durante o expediente de trabalho e dentro da empresa. “Cabe à gestão da empresa limitar as informações para as quais utiliza como fonte sobre seus colaboradores. Eu, por exemplo, faço parte da comunidade ‘odeio acordar cedo’, porém isso não significa que chego atrasado ao trabalho”. Se invadir perfis para o consultor seria uma atitude antiética, por outro lado ele também acredita que o profissional é quem gerencia sua reputação na rede. E dá dicas: “Os limites de exposição estão diretamente relacionados ao seu objetivo em participar desses sites. Se o foco for networking corporativo, sugiro manter fora do perfil aquelas fotos da última balada ou comunidades de festas, bebidas e manias. Porém se o foco for o de fazer amigos, expressar o pensamento e até paquerar, é extremamente importante entender quem pode participar da sua rede. Se for o caso, não adicione comunidades da empresa, não adicione colegas de trabalho, apenas pessoas em quem confia. Uma rede social muitas vezes é como o diário de um adolescente. Você precisa pensar: quem eu quero que leia meu diário?”, pondera. As confusões e más interpretações decorrentes do mau uso da rede já foram vividas pelo consultor que, depois da experiência negativa, determinou critérios para a exposição pessoal. “Teve um funcionário meu que era conhecido do meu irmão e achou que era meu amigo também. Passou a ter liberdade de fazer brincadeiras que não cabem no ambiente de trabalho. Foi um momento complicado, comecei a ter meu respeito e credibilidade abalados. A solução foi fazer uma limpeza na rede!”.

Por outro lado... Há quem pense diferente do consultor de RH. Para Pedro Eduardo Rodrigues, consultor da Prisma Consulting, a exposição na rede expõe exatamente as pessoas como elas são, pois proporciona a liberdade de crenças, opiniões e valores. Para ele, não haveria mal algum em utilizar as informações, mesmo que pessoais, como critério de seleção profissional. “Fazendo buscas no Google e Orkut, já me surpreendi com cada recado, blog e notícias que fizeram eliminar um candidato. Cito um caso de uma entrevista, na qual o candidato fazia parte da comunidade ‘odeio empresa tal’. Fiz a observação no CV e questionei: ‘Mas no seu Orkut você participa de uma comunidade falando mal da empresa! Por que participar dessa comunidade expressando seu ódio se você acaba de dizer que foi lá que se desenvolveu, contribuiu com a empresa, foi reconhecido e saiu apenas por causa de uma reestruturação? O candidato ficou totalmente desconcertado e sem respostas e, é claro, sem o emprego”, e conclui: “na rede, é preciso ter cuidado!”. Afinal, quem não deve... “Não teme!”, é o que pensa a Consultora de Novos Negócios do Instituto Eneagrama, Evelise Oliveira. Para ela, as redes sociais – orkut, blogs, facebooks, twitter, entre outros – são muito válidas quando usadas com inteligência. “Acredito que o bom senso e a gentileza devem sempre fazer parte das regras, mas tem gente que ainda não entende muito bem isso. O objetivo das redes é dar o direito de cada um ter seu espaço na web, mas o que cada um faz dele [espaço] é de livre arbítrio. Ou usa ao seu favor, ou contra você”, opina.


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