Os produtos da agricultura familiar do Mercosul vão ter selo próprio de identificação a partir do próximo ano. A informação foi divulgada pelo assessor internacional e de Promoção Comercial do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Laudemir Müller, durante a abertura da 10a Reunião Especializada sobre Agricultura Familiar do Mercosul (Reaf).
O evento ocorre no Rio de Janeiro até o dia 27 e reúne cerca de 300 representantes da sociedade civil e de sete países da América do Sul: Argentina, Bolívia, Chile, Paraguai, Uruguai, Venezuela, além do Brasil.“Com o selo haverá uma identidade da agricultura familiar para identificar esta produção, o que vai facilitar a comercialização e aumentar a renda dos agricultores”, explicou Laudemir Müller, que é o coordenador da Reaf no Brasil.
A finalidade é pensar em políticas públicas comuns para o incremento da agricultura familiar, envolvendo não s ó o governo como também a sociedade. Segundo ele, uma das iniciativas importantes, neste processo, foi a aprovação recente, pelo Congresso brasileiro, de uma lei obrigando que 30% da compra de alimentos para a merenda escolar seja proveniente de pequenos agricultores.
Segundo dados do ministério, a agricultura familiar envolve 20 milhões de pessoas no Mercosul (contando também o Chile, que é membro associado), responde por 9% do Produto Interno Bruto (PIB) e praticamente 70% da produção de alimentos do bloco. No Brasil, o setor representa quase 10% das riquezas do país.Apesar da força da agricultura familiar, Laudemir admite que ainda existem muitos desafios. “Temos problemas de acesso à terra. É necessário ter políticas mais estáveis de seguro agrícola. O tema das mudanças climáticas afeta a agricultura familiar. É preciso ter políticas para a inclusão da juventude, para que ela continue no meio rural produzindo alimentos”, ressaltou o assessor.Os primeiros dias do encontro são direcionados a um curso de formação de jovens agricultores. Um dos participantes é David Corpuz, de 22 anos, morador da província Argentina de Santiago Del Estero. Ele conta que a família, com dez pessoas, vive em uma propriedade de 20 hectares, plantando milho, melancia e melão, além de cuidar de uma pequena criação de animais, usados para a susbsistência. Segundo ele, nos últimos tempos houve mais apoio do governo argentino, mas ainda está longe de compensar os anos em que o setor agrário ficou esquecido.Apesar de reconhecer que a vida no campo não é fácil para um jovem, David disse que não pensa em morar na cidade grande. “O trabalho é muito difícil, mas eu não troco por nada. O mais importante para nós é a reforma agrária, porque sem ela não temos futuro”, afirmou.
(Fonte: Vladimir Platonow / Agência Brasil)
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